
Além da arquitetura e da cidade, o lugar único
Author(s) -
Betty Mirocznik
Publication year - 2019
Publication title -
revista ara
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2525-8354
DOI - 10.11606/issn.2525-8354.v7i7p173-191
Subject(s) - humanities , philosophy , art
O presente texto é uma apreciação sobre a problematização da relação homem-espaço como ferramenta para a construção de uma experimentação única, que nos dê a sensação de pertencimento, de transformação do que era originalmente um espaço estranho, agora um lugar de maior empatia e identidade. Para tanto, serão utilizados conceitos da fenomenologia pautados nos ensaios de Martin Heidegger, Christian Norberg-Schulz e Gernot Böhme. Para esses pensadores, a experimentação do espaço é mediada pela consciência corporal obtida a partir de nosso encontro com as coisas - a tectônica, os materiais, a topografia, a tipologia e a população local. Nesse ponto, salienta-se a priorização da experiência e a sensação de se estar em um lugar único que incorpore o genius loci (o espírito do lugar). Acrescenta-se à essa chave a reflexão relacionada à apreensão psíquica do projeto arquitetônico e urbanístico a partir do conceito de atmosfera definido pelo filósofo alemão Gernot Böhme - em referência explícita a Heidegger -, como um espaço sintonizado com um conjunto de elementos indefinidos e espacialmente distribuídos. Isso se dá por meio da correlação entre uma presença emissora e a percepção física do sujeito. Soma-se à essa narrativa, a análise do projeto do sítio arqueológico Shelters for Roman, do arquiteto suíço Peter Zumthor, por lá serem encontrados vários dos temas trabalhados por esses filósofos e pelo próprio arquiteto. Para efeito de reflexão, sempre que nos debruçarmos sobre o tema da arquitetura estaremos também, embora de forma indireta, abordando as cidades.