
De perseguidas a fatais: personagens femininas, sexo e horror na literatura do medo brasileira
Author(s) -
Júlio França,
Daniel Augusto P. Silva
Publication year - 2016
Publication title -
opiniães
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2525-8133
pISSN - 2177-3815
DOI - 10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2015.115072
Subject(s) - humanities , art
As temáticas sexuais e a figura feminina são sistematicamente exploradas pelas narrativas de horror. Desde a literatura gótica no século XVIII, a mulher é retratada em situações associadas à morte e ao medo. Nessas histórias, é recorrente o tópos da damsel in distress, isto é, a presença de uma personagem feminina que é vítima dos mais diversos tipos de violência, física e/ou psicológica. Já no século XIX, as representações da mulher na literatura se tornam mais diversificadas. No Romantismo, ganha força a femme fatale e o sexo é encarado como conflito entre alma e corpo. Se durante a literatura romântica tal mulher é idealizada e constitui uma ameaça emocional, no fin-de-siècle ela representa um perigo eminentemente físico. No final do XIX, ela encarna a busca por independência e a contestação do domínio masculino. Este trabalho pretende apresentar um panorama dessa transformação na literatura do medo brasileira, tomando como demonstração as seguintes obras: Noite na taverna (1855), de Álvares de Azevedo; A ilha maldita (1879), de Bernardo Guimarães; “Palestra a horas mortas” (1898), de Medeiros e Albuquerque; “O bebê de tarlatana rosa” (1910), de João do Rio; e “Noites brancas” (1920), de Gastão Cruls.