
Arqueologia colaborativa não é o fim
Author(s) -
Chip Colwell,
Rafael de Almeida Lopes
Publication year - 2020
Publication title -
revista do museu de arqueologia e etnologia
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2448-1750
pISSN - 0103-9709
DOI - 10.11606/issn.2448-1750.revmae.2020.163597
Subject(s) - humanities , art
Há mais de um século atrás a arqueologia científica estava presa nas teias do colonialismo. Ao redor do globo, nações extraiam recursos culturais de locais distantes – mais frequentemente em comunidades indígenas – para tecer histórias, construir museus, e arrecadar prestígio e poder para acadêmicos e suas instituições. Nos anos setenta, ativistas indígenas e seus aliados começaram a criticar esse modelo e a propor alternativas que empoderavam comunidades locais para controlar seu próprio patrimônio. Uma das ideias mais importantes desse movimento foi a de arqueologia colaborativa, que defende um compartilhamento equiparado do passado entre cientistas e membros das comunidades. A colaboração gerou novas possibilidades radicais para a arqueologia. Entretanto, chegamos a um momento importante, no qual temos que considerar como a colaboração corre o risco de reforçar estruturas de poder colonialistas, quando é praticada como um meio e não como um fim. Colaboração em arqueologia não é uma solução para o colonialismo, mas uma ferramenta que comunidades e acadêmicos podem usar para concretizar a busca da disciplina por um futuro pós-colonial.