
Relíquias da existência de um intelectual
Author(s) -
Francisco Adriano Leal Macêdo
Publication year - 2019
Publication title -
intelligere
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2447-9020
DOI - 10.11606/issn.2447-9020.intelligere.2019.160994
Subject(s) - humanities , philosophy
Este artigo tem como mote localizar panoramicamente aspectos da trajetória de vida do jornalista Júlio de Mesquita Filho, proprietário do jornal “O Estado de São Paulo”, a partir de discurso proferido quando foi paraninfo de uma turma do curso de direito da Universidade de São Paulo em 1948 e um depoimento autobiográfico escrito na década de 1960. Os escritos aqui postos em análise fazem um esforço de reconstituição do itinerário intelectual e existencial do personagem, situando as questões que o mobilizaram mais intensamente. Esses enunciados constituem documentos necessários para a compreensão de como o sujeito que desejou tomar parte do debate intelectual em torno da consolidação da República brasileira e os modelos de sociedade adequados compreendia a si mesmo e seus propósitos. Para a intepretação das fontes e estabelecer as balizas de aclimatação, três noções centrais são caras, ainda que não evidenciadas textualmente: “estar no mundo” (Dasein), conceito desenvolvido por Paul Ricoeur a partir da filosofia de Heidegger; “escrita de si” (Self Writing), utilizando a apropriação da historiadora Ângela de Castro Gomes do conceito foucaltiano; por fim, a categoria de “cone da memória”, trabalhada por Ecléa Bosi a partir de estudos do filósofo Henri Bergson. Como balizas historiográficas, são centrais os estudos dos historiadores Nicolau Sevcenko e Eric J. Hobsbawm.