
Brás Cubas em três versões
Author(s) -
Alfredo Bosi
Publication year - 2005
Publication title -
teresa
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2447-8997
pISSN - 1517-9737
DOI - 10.11606/issn.2447-8997.teresa.2005.116627
Subject(s) - humanities , philosophy , art
A crítica tem estudado em três registros o bizarro narrador das Memórias póstumas de Brás Cubas: (1) segundo uma leitura formalizante, o defunto autor desenvolve o modelo da “forma livre” de Sterne; (2) a leitura cognitiva e existencial centra-se na figura do humorista melancólico; (3) a leitura sociológica está centrada no tipo social de Brás e no contexto ideológico do Brasil Império. Cada registro capta um perfil do narrador, mas nenhuma interpretação é,per se, suficiente para compreender a densidade do olhar machadiano. Em relação ao contexto brasileiro, o ensaio distingue três vertentes ideológicas. A hegemonia do liberalismo excludente rege a biografia inteira de Brás, que começa no período colonial. O novo liberalismo democratizante, formado nos anos de 1860-70, alimenta a sátira local do narrador. Enfim, o moralismo cético enforma a perspectiva geral da obra, refratária às certezas progressistas inerentes ao novo liberalismo