
Uma visão senequiana da amizade
Author(s) -
Ariovaldo Augusto Peterlini
Publication year - 1999
Publication title -
letras clássicas
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2358-3150
pISSN - 1516-4586
DOI - 10.11606/issn.2358-3150.v0i3p95-108
Subject(s) - humanities , philosophy , physics
A Antigüidade, num percurso de mais ou menos 900 anos, de Hesíodo a Plutarco, estudou e comentou a amizade, ora de passagem ora em obras específicas como o Laelius de Cícero. Sêneca deixou suas reflexões sobre a amizade, principalmente nas Epistulae ad Lucilium e no De beneficiis . Ao contrário de Platão e Aristóteles, teóricos, Sêneca, romano, pragmático e moralista, volta-se para a amizade em ato. Encontrando dificuldades em conciliar a autarcia do estóico, que era, com sua visão pessoal da amizade, não se recusou a respigar nos campos de Epicuro. Para Sêneca, ao contrário de Aristóteles, é fácil conseguir amigos e substituí-los, quando se vão. Como Cícero, ele também crê que a amizade é a comunhão de virtudes entre os bons, mas não deixa de advertir que quem é amigo de si nunca estará sozinho. Acredita que “quem é amigo ama; mas quem ama nem sempre é amigo”. Cumpre, estoicamente, não aceitar nunca desequilíbrios emocionais vindos do exterior, ainda que de amigos.