
Conhecimento do intelecto: argumento do cogito, mesma cera e homens verdadeiros
Author(s) -
Ethel Menezes Rocha
Publication year - 2008
Publication title -
discurso
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2318-8863
pISSN - 0103-328X
DOI - 10.11606/issn.2318-8863.discurso.2008.62544
Subject(s) - philosophy , epistemology , humanities
Em harmonia com sua tese acerca do conhecimento de um modo geral, Tomás de Aquino sustenta que o conhecimento que o intelecto tem de si é também dependente dos sentidos. Segundo Tomás, há pelo menos dois modos de o intelecto se conhecer (ambos em virtude do ato do intelecto de conhecer): o conhecimento singular da existência do intelecto e o conhecimento universal da natureza do intelecto, isto é, o conhecimento de seus princípios de operações, ambos dependentes, ainda que de modo remoto, das percepções sensíveis. Apresento uma leitura da Segunda Meditação segundo a qual Descartes inicia seu projeto de recusa do modelo tomista-aristotélico de conhecimento. Ele demonstra não só a incorporeidade do todo da alma mas, mais ainda, demonstra que embora o conhecimento da existência e o da natureza do intelecto consistam no conhecimento de suas operações fundamentais — a saber, conceber, julgar e inferir — esse conhecimento não tem origem em qualquer impressão sensível. Ao contrário: ele é prioritário a estas e se dá mesmo à revelia do que é dado por elas.