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Guerra e prostituição em O ciclo das águas, de Moacyr Scliar
Author(s) -
Lunara Abadia Gonçalves Calixto
Publication year - 2021
Publication title -
cadernos de língua e literatura hebraica
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2317-8051
pISSN - 1415-7977
DOI - 10.11606/issn.2317-8051.cllh.2021.192964
Subject(s) - humanities , art
O livro O ciclo das águas, de Moacyr Scliar, publicado pela primeira vez em 1975, foi inspirado na questão do tráfico de mulheres judias trazidas para a América, entre o final do século XIX e meados do século XX, onde eram obrigadas a serem escravas sexuais na Zwi Migdal, uma rede internacional de prostituição. Essas mulheres ficaram conhecidas como polacas, termo que ficou pejorativamente associado a mulheres brancas estrangeiras e prostitutas. Conforme Moacyr Scliar (1985, p. 100): “O Ciclo das Águas tem como pano de fundo o ‘tráfico de brancas’ para a América Latina, particularmente para a Argentina e o Brasil, no período que vai de 1880 a 1930, aproximadamente”. A narrativa entrecruza elementos históricos e ficcionais: a partir da protagonista Esther, há a abordagem do evento da trajetória vivida por centenas de imigrantes judias que se dirigiram para a América, onde acreditavam que encontrariam melhores condições de vida e maior liberdade, mas que, na verdade, acabavam entrando na prostituição para serem escravas sexuais. Quanto ao título da narrativa, O ciclo das águas, há alusão às várias mudanças sofridas pela protagonista, no simbolismo próprio da água, que, em seus movimentos e ciclos, calmos e revoltos, límpidos e sujos, pode remeter a momentos da vida humana e, mais especificamente, à história dessas mulheres que foram prostituídas.