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Apologia de um louco
Author(s) -
Théo Amon
Publication year - 2020
Publication title -
rus
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2317-4765
DOI - 10.11606/issn.2317-4765.rus.2020.169929
Subject(s) - philosophy , humanities
O texto a seguir trata-se de uma tradução integral de Apologie d'un fou (1836/7), que Piotr Tchaadáiev (1794–1856) redigiu após ter sido declarado oficialmente insano como represália à sua “Primeira carta filosófica” (1829). Nesta, de inspiração idealista e foco religioso, o autor defende a ideia de que a Rússia não tinha ainda uma história civilizacional própria, vivendo de importações precárias que não decorriam de um progresso moral e intelectual orgânico. Em tom fatalista, Tchaadáiev constatava que, prensada entre Europa e Ásia, a Rússia nada aprendera com o tempo. Ela seria uma nulidade cultural, retrógrada, em trágica solidão histórica. Sem um passado integrado à cristandade católica e ao desenvolvimento filosófico-político da Europa, a Rússia ainda estava de fora da cultura moderna do Ocidente. Inicialmente um manuscrito (em francês) com bastante circulação, esse texto acabou sendo publicado (1836), em tradução russa, no periódico O telescópio (Teleskop). O escândalo foi tamanho que a revista foi extinta, o editor, exilado, e o censor responsável, destituído. Tchaadáiev foi detido como louco, proibido de publicar, e por um mês foi obrigado a receber periodicamente a visita de um policial e um alienista para atestar que continuava insano e deveria seguir em prisão domiciliar. Apologia de um louco, escrita também em francês, aparentemente se tornaria um pequeno tratado de filosofia da história aplicada ao caso russo, no qual o autor retificaria posições extremas da Carta filosófica, mas também defenderia o fundamento do seu raciocínio e o desenvolveria em novas direções. Porém, a obra não evoluiu além do fragmento que aqui traduzimos, publicado postumamente em 1862. É um dos documentos fundamentais da futura polêmica entre eslavistas e ocidentalistas, que alternadamente reclamariam para si o impulso dado por Tchaadáiev.

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