
Sobre o desenho e design
Author(s) -
Mauro Claro
Publication year - 2001
Publication title -
pós. revista do programa de pós-graduação em arquitetura e urbanismo da fauusp
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2317-2762
pISSN - 1518-9554
DOI - 10.11606/issn.2317-2762.v0i10p92-110
Subject(s) - humanities , philosophy , art
A discussão sobre 0 significado das palavras empregadas para nomear a atividade do designer - atividade que no Brasil era conhecida, até a década de 70, como desenho industrial - colocou-se entre nós, desde os primeiros textos que abordam a questão (Vilanova Artigas e Flávio Motta), de um ponto de vista predominantemente construtivo; a idéia de projeto foi eleita como conceito-chave, capaz de integrar a ação projetual do designer edo arquiteto à reconstrução política do próprio país - aspecto que ganha importância a partir do golpe de 1964; poucas abordagens, no Brasil - e aquela feita por Sérgio Ferro no texto O canteiro e 0 desenho é talvez 0 melhor exemplo - abordaram a questão por um ângulo menos otimista, mais cético, levantando 0 aspecto opressor da racionalidade projetual; desde 1965 0 historiador Giulio Cario Argan problematizava a questão de um modo semelhante, apontando para a crescente separação, na sociedade de consumo, entre a individualidade do sujeito e a objetividade das coisas - relação essa que ele vê como sofrendo processo de esgarçamento; mais recentemente, em 1992, um texto do filósofo Vilém Flusser sintetiza parte de seu pensamento, ressaltando os aspectos destruidores da atividade de design-, Argan e Flusser, além desses pontos em comum, também utilizam a palavra design para descrever a nova situação da disciplina, que se desenvolvera, para Argan, como 0 projeto não mais dos objetos em si, mas como a programação do ambiente, expressa na idéia de que 0 que se projeta (0 que se programa) é 0 circuito completo que envolve, além do objeto, sua imagem - principalmente sua imagem - portanto, informação que circula; 0 texto tenta situar essas diferentes elaborações, relacionando-as entre si e apontando para a necessidade de novas categorizações que dêem conta da natureza atual do design