Ensino remoto em tempos de pandemia: leitura e produção de textos para crianças e jovens

O presente trabalho visa apresentar dois relatos de experiência a respeito do ensino da literatura e produção de textos, dentro do contexto transitório gerado pela pandemia provocada pelo Coronavírus. Crianças e jovens, no mundo inteiro, tiveram suas aulas presenciais suspensas, havendo a necessidade de adequação por parte de todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem ao ensino remoto — em especial dos professores —, adaptando as atividades para que estas funcionassem no novo modelo. O tema “morte” passou a compor parte do cotidiano e, desse modo, abordar um assunto tão difícil e que estava tão presente suscitou a necessidade de reflexões dentro das salas de aula virtuais. Promover a leitura e a produção de textos no contexto da pandemia trouxe a necessidade de estimular diálogos com os leitores, estabelecendo discussões sobre o significado da morte, sobre a dor e a saudade. Com foco nessas preocupações, o trabalho docente proposto para alunos do primeiro semestre do ensino superior, numa instituição pública do Estado de São Paulo, foi a produção de contos baseados em imagens criadas pelo fotógrafo senegalês Alun.be, em seu projeto imagético inspirado na África, que une o mundo virtual e a cultura africana, num processo de integração entre o passado mítico e o presente, pontuado pela tecnologia. Por sua vez, alunos do Ensino Fundamental II da rede particular de ensino da cidade de São Paulo produziram textos verbais e não-verbais, após reflexões e debates promovidos pela leitura de livros de Odilon Moraes, Viriato Correa e Beatriz Martín Vidal, estabelecendo relações que dialogam com questões existenciais em evidência no contexto atual. Pierre Lévy, Nelly Novaes Coelho, Didi-Huberman e Roland Barthes ofereceram os caminhos que iluminam as práticas concretizadas durante este período de aulas síncronas, voltadas para a formação do leitor e produção de textos.