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Libertos africanos, comércio atlântico e candomblé
Author(s) -
Luís Nicolau Parés
Publication year - 2019
Publication title -
revista de história
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
SCImago Journal Rank - 0.104
H-Index - 3
eISSN - 2316-9141
pISSN - 0034-8309
DOI - 10.11606/issn.2316-9141.rh.2015.142507
Subject(s) - legend , art , humanities , art history
Este artigo apresenta uma análise pormenorizada de uma carta enviada da Bahia ao porto negreiro de Ajudá em 1839 pela africana Roza Maria da Conceição à também africana Francisca da Silva, a legendária Iyá Nassô, fundadora do candomblé da Casa Branca em Salvador. A trajetória dessas duas libertas e de seus maridos, no contexto da passagem da Colônia para o Império, permite identificar processos de cooperação intergeracional entre os libertos africanos e de ascensão econômica associada ao comércio atlântico e ao tráfico ilegal. Postula-se que a propriedade escrava era uma forma de investimento político na organização da “casa” ou da coletividade doméstica, por sua vez a base do “terreiro”, formas de associativismo através das quais esses casais adquiriam poder e reforçavam sua liderança na comunidade negra. Em última instância, a conexão entre Roza e Francisca permite vislumbrar como o sucesso comercial, o controle social e a autoridade religiosa se emaranhavam de forma indissociável.