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Guia de relações multiespécies na Baía de Florianópolis - SC
Author(s) -
Ivan Tadeu Gomes de Oliveira
Publication year - 2021
Publication title -
cadernos de campo
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2316-9133
pISSN - 0104-5679
DOI - 10.11606/issn.2316-9133.v30i1pe179745
Subject(s) - humanities , logos bible software , philosophy , art , theology
o presente ensaio busca, a partir de métodos etnográficos em movimento, descrever histórias de assembleias multiespécies perturbadas por infraestruturas antropocênicas na baía de Florianópolis – SC, Brasil. Para isso, nos inspiramos em discussões da antropologia das paisagens. Contra noções que tratam a paisagem como um espaço-objeto alheio aos habitantes-sujeitos, procuramos evidenciar as continuidades entre habitantes – humanos ou não humanos – e paisagem. Para nos auxiliar na tarefa de produzir uma etnografia menos pautada pelo excepcionalismo humano, buscamos diálogos transdisciplinares entre a Antropologia e campos científicos muitas vezes alheios às etnografias, tais como: a Ecologia, a Biologia, a Literatura e a Hidrografia. A partir das reflexões de Tim Ingold referentes a habilidades, coordenamos tais diálogos transversais com os saberes aprendidos junto a pescadores, peixes, marés, ventos e infraestruturas daninhas, a fim de conhecer os modos a partir dos quais as infraestruturas erguidas na baía afetaram e afetam as coordenações mais que humanas. Por fim, procuramos identificar e descrever os processos de ressurgências criativas fruto das relações multiespécies entre os habitantes da paisagem. A materialização da etnografia se deu a partir de uma diversidade de suportes: dos textos científicos tradicionais às descrições críticas em linguagem poético literária, passando pelos desenhos etnográficos feitos no e a partir do campo e exposições em websites e redes sociais. Ao fim e ao cabo, concluímos que já não nos basta preservar, é preciso recuperar as paisagens perturbadas na baía de Florianópolis. À essa tarefa urgentíssima é preciso mais que dar ouvidos aos seus habitantes tradicionais – humanos e não humanos: é preciso reconhecer sua voz, seus saberes, suas estratégias de ressurgência.

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