
Fabular é aprender a morrer: As intermitências da morte, de José Saramago
Author(s) -
Marcelo Lachat
Publication year - 2020
Publication title -
revista usp
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2316-9036
pISSN - 0103-9989
DOI - 10.11606/issn.2316-9036.v0i125p37-52
Subject(s) - humanities , philosophy , art
Em As intermitências da morte, obra de José Saramago publicada em 2005, relata-se uma fábula paródica, irônica e alegórica, cuja personagem central é a própria morte, ou melhor, a “pequena morte cotidiana” das pessoas de um país não nomeado. Tal relato se inicia com estas palavras: “No dia seguinte ninguém morreu”. Então, a partir de 1º de janeiro de um ano qualquer, não se morre mais naquele país. Assim, para discutir essa obra, propõe-se desenvolver neste artigo algo que ela mesma insinua: sua relação com o capítulo XX do livro I, dos Ensaios de Montaigne, intitulado “Que filosofar é aprender a morrer”. Pretende-se mostrar, enfim, que, nessa “inverídica história sobre as intermitências da morte”, fabular é aprender a morrer.