
A MÃE-MÁ: REFLEXÕES SOBRE CONTOS DE FADAS FRANCESES
Author(s) -
Paula Fabrisia Sá
Publication year - 2015
Publication title -
non plus
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2316-3976
DOI - 10.11606/issn.2316-3976.v3i5p176-188
Subject(s) - humanities , art , brazilian literature , philosophy
A bruxa constituiu uma das mais populares criações do homem e sua permanência em nossas consciências concede existência e perenidade à personagem. Ela foi uma personagem que, na Idade Média, ninguém ousava se aproximar. Nesse momento, o discurso em circulação determinava que era uma inimiga, agente da desordem e do Mal. Essa visão negativa foi passando, progressivamente, da representação histórica para a representação literária e contribuiu para a construção de uma memória coletiva desse “tipo feminino”. Assim sendo, os estudos históricos e literários esforçam-se para recuperar e esclarecer as especificidades dessa personagem. Na literatura, a bruxa, representada pela mãe-malvada, encontra-se em inúmeras narrativas de contos de fadas como, por exemplo, as do autor Charles Perrault que, aos olhos da posteridade, inaugurou os contos de fadas como forma literária infantil. Isto posto, o presente artigo, tomando como base as pesquisas de Bruno Bettelheim (1980) e Mariza Mendes (2000), por exemplo, discutir-se-á, como a bruxa, descrita como uma mãe malvada, é representada nos contos de Charles Perrault. Para isso, estudaremos como Perrault se apropriou de imagens que a simbolizam, criando representações que tornaram a “malvada” uma evidência no que se tornaria o gênero literatura infantil, uma vez que sabemos que os contos de fadas concederam cor e fantasia à sua figura.