
Papiamentu: crioulo de base espanhola?
Author(s) -
Shirley Freitas,
Manuele Bandeira,
Gabriel Antunes de Araújo
Publication year - 2018
Publication title -
filologia e linguística portuguesa
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2176-9419
pISSN - 1517-4530
DOI - 10.11606/issn.2176-9419.v20i2p293-309
Subject(s) - humanities , history , art
Sendo a origem do papiamentu ainda um assunto controverso entre os estudiosos, o objetivo deste artigo é discutir a possível gênese espanhola da língua caribenha (cf. Maduro, 1965; Rona, 1970; Munteanu, 1999, entre outros), contribuindo para as discussões acerca de sua origem e de sua língua lexificadora. A partir da análise, observa-se que a hipótese de um crioulo espanhol apresenta diversos pontos controversos. No âmbito mais geral, não há crioulos de base espanhola na região atlântica em virtude das próprias características da colonização. Especificamente no que tange ao papiamentu, também há pontos questionáveis, como o papel atribuído aos indígenas e a continuidade no uso do espanhol na ilha caribenha. No âmbito linguístico, observa-se que os itens de procedência portuguesa fazem parte do léxico funcional e são bastante antigos na língua, o que mostra que não é possível atribuir à influência portuguesa uma importância menor. Em síntese, conclui-se que, ainda que o espanhol tenha influenciado a formação do papiamentu (defendendo-se uma base luso-espanhola para a língua), não é possível considerar que a língua caribenha derivou do espanhol, sendo necessário considerar outros elementos para explicar a gênese e o desenvolvimento da língua.