
As diversas faces da morte de crianças na perspectiva de médicos e enfermeiros
Author(s) -
Rachel Vilela de Abreu Haickel Nina,
Zeni Carvalho Lamy,
João Batista Santos Garcia,
Maria Emília Miranda Álvares,
Milady Cutrim Vieira Cavalcante,
Vinícius José da Silva Nina,
Erika Brabara Abreu Fonseca Thomaz
Publication year - 2021
Publication title -
medicina
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2176-7262
pISSN - 0076-6046
DOI - 10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2021.167273
Subject(s) - humanities , psychology , medicine , philosophy
Introdução: Adoecimento e morte de crianças são eventos pouco aceitos na sociedade. Objetivo: Analisar a percepção de médicos e enfermeiros de terapia intensiva sobre a morte de crianças. Métodos: Estudo de abordagem qualitativa, com médicos e enfermeiros de três Unidades de Terapia Intensiva (UTI Pediátrica, UTI Neonatal e UTI Cardiológica) de um hospital de ensino. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas gravadas, transcritas e analisadas segundo análise de conteúdo na modalidade temática. Resultados: Foram entrevistados 14 profissionais, com idade entre 28-53 anos, que possuíam tempo mínimo de dois anos de atuação em terapia intensiva e média de 43 horas semanais de trabalho. Os sentimentos e atitudes diante da morte emergiram da análise das falas e foram categorizados nos seguintes temas: percepção da morte na infância, obstinação terapêutica e sofrimento no encontro com as famílias. Os profissionais reconheceram lacunas na formação durante a graduação e pós-graduação para lidar com a morte de crianças. Sofrimento, ansiedade, culpa, frustração e impotência foram relatados, demonstrando a complexidade que envolve situações de morte de criança. A condição clínica e a capacidade de interação da criança influenciaram nas atitudes e na própria maneira do profissional lidar com a morte. A espiritualidade foi um importante mecanismo de enfrentamento. Conclusão: A morte de crianças em UTI provoca sentimentos ambivalentes em médicos e enfermeiros responsáveis pelo seu cuidado. Os profissionais sofrem pela morte de alguém que ainda não desfrutou da vida, porém a aceitam quando pensam no fim de uma vida marcada por sofrimentos e limitações impostos pela doença. O contato com o tema morte durante a formação profissional e nas discussões regulares dos serviços podem auxiliar na forma de lidar com esse evento. A espiritualidade foi um importante recurso de enfrentamento.