
TESTEMUNHO E FINGIMENTO: DUAS FORMAS DE ENTENDER A ESCRITA
Author(s) -
Madalena Vaz Pinto
Publication year - 2016
Publication title -
revista desassossego
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 2175-3180
DOI - 10.11606/issn.2175-3180.v8i15p116-126
Subject(s) - humanities , philosophy
Em duas das poéticas mais marcantes do século XX português – poética do fingimento, de Fernando Pessoa e poética do testemunho, de Jorge de Sena, existe uma diferença na forma de conceber a linguagem: a linguagem como expressão ou a linguagem como criação e devir. No primeiro caso temos o significado precedendo o significante: é a escrita do sentido dado, apreendido. No segundo caso o significante constrói o significado: é a escrita como jogo e invenção. Como tentaremos mostrar, é a partir da análise atenta da poesia de Pessoa que Sena vai construindo a sua e é em oposição à teoria do fingimento que Sena formulará a poética do testemunho. Cabe dizer que Jorge de Sena foi um leitor atento de Pessoa e que faremos referência, em nosso texto, a alguns de seus estudos sobre o poeta, o que, por razões óbvias, não pode ser feito reciprocamente.