
A Redoma de vidro, de Sylvia Plath: resistência feminina ao patriarcado reconfigurado
Author(s) -
Vanessa Cezarin Bertacini
Publication year - 2020
Publication title -
revista criação and crítica
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
ISSN - 1984-1124
DOI - 10.11606/issn.1984-1124.i27p198-211
Subject(s) - art , humanities , philosophy
A ideologia patriarcal vem sido historicamente apresentada em diferentes configurações. Uma delas, abordada por Virginia Woolf em seu ensaio “Professions for Women” (1942), traz a figura do “Anjo do Lar”, isto é, o modelo de mulher pertencente à Era Vitoriana na Inglaterra, dotada de características como a pureza, a castidade, a devoção e a passividade. Gilbert e Gubar (2000), em The Madwoman in the Attic, trouxeram uma segunda configuração, a de “mulher-anjo”, absolutamente similar à primeira, mas não somente um modelo de mulher, bem como o modelo utilizado na constituição das personagens femininas na escrita de autores do sexo masculino. Como proposta de fuga aos estereótipos patriarcais presentes na literatura produzida por homens, as autoras oferecem o conceito de subtexto de autoria feminina, a partir do qual mulheres escritoras puderam contar sua própria história de luta pela liberdade sem mostrá-la expressamente na superfície textual – noção retomada por Elaine Showalter (1994) como um “discurso de duas vozes”. Neste trabalho, pretende-se mostrar de qual forma Sylvia Plath, em seu romance A redoma de vidro (1963), foi capaz de configurar o patriarcado na imagem de uma redoma de vidro e utilizar a desintegração do sujeito feminino como estratégia subtextual de resistência.