
Projeto QUARA - Prevalência de abusos, maus-tratos e outras agressões durante a formação médica: um estudo de corte transversal em São Paulo, Brasil, 2013
Author(s) -
Abraão Deyvid Alves de Lima Barreto,
Fernanda Babler,
Irene Yamamoto do Vale Quaresma,
Juliaomy Lacerda Arakaki,
Maria Fernanda Tourinho Peres
Publication year - 2015
Publication title -
revista de medicina
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 1679-9836
pISSN - 0034-8554
DOI - 10.11606/issn.1679-9836.v94i1p6-14
Subject(s) - humanities , psychology , physics , philosophy
Introdução: Estudos apontam altas prevalências de agressões, abusos e maus-tratos contra alunos de medicina e sugerem que estudantes vitimados sentem-se mais deprimidos, insatisfeitos com a carreira e tendem a ter baixa autoestima. Estudos sobre esse problema no Brasil são escassos. O nosso objetivo é estimar a prevalência de agressões, abusos e maus tratos entre estudantes de medicina durante a graduação, considerando o tipo, perpetrador, a frequência e gravidade percebida. Metodologia: Estudo de corte transversal com estudantes de medicina de uma universidade estadual paulista. Enviamos um questionário on-line para 1072 estudantes, dos 344 respondentes, 317 foram incluídos na análise. Utilizados a plataforma REDCAP para coleta de dados entre 11/09/2013 e 13/12/2013. Resultados: A média de idade foi 22,24 anos (± 2,89), 49% eram homens e aproximadamente 45% eram do ciclo básico. A quase totalidade (92,31%) referiu ter sofrido ao menos um tipo de agressão durante o curso. Os tipos de agressões mais comuns foram depreciação/humilhação (73,1%) e agressão verbal (59,99%). Foi alta a prevalência de abuso ou discriminação sexual (43,32%). Violência física foi referida por 13% dos alunos. Os principais perpetradores são os próprios estudantes (83,75%) e professores (72,8%). Aproximadamente 30% dos alunos referem ter sido agredidos 5 vezes ou mais e 70% das vítimas consideraram os episódios muito importantes. Conclusão: A prevalência de agressões, abusos e maus-tratos é alta entre estudantes de medicina. Os episódios são repetitivos e considerados graves pelos alunos. Torna-se necessário investigar as repercussões destas situações na saúde mental e na qualidade de vida dos estudantes.