
Corpos e territórios negros: representações da religiosidade afro-brasileira no documentário Orí (1989)
Author(s) -
Ceiça Ferreira
Publication year - 2019
Publication title -
cuadernos de musica, artes visuales y artes escenicas
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
SCImago Journal Rank - 0.112
H-Index - 2
eISSN - 2215-9959
pISSN - 1794-6670
DOI - 10.11144/javeriana.mavae15-1.cetn
Subject(s) - humanities , art , philosophy
Este artigo tem como objetivo principal analisar as representações da religiosidade afro-brasileira do documentário Orí (1989), dirigido pela cineasta Raquel Gerber, com narração e textos da historiadora Beatriz Nascimento, situando-o no contexto da produção cinematográfica nacional. A partir dos estudos culturais, do pensamento negro brasileiro e da metodologia de análise fílmica, investiga-se a construção narrativa e estética desse filme, que tem como ideia central a pesquisa de Beatriz Nascimento sobre o quilombo, suas origens africanas, sua continuidade histórica no Brasil no período colonial e sua ressignificação nos anos de 1970, quando passa a designar espacialidades como as escolas de samba, os bailes black, os movimentos negros e os terreiros de candomblé. Foi estudado como a religiosidade afro-brasileira tem um papel central nesses territórios negros, nos quais se dá a reconstrução das identidades negras, a tomada de consciência por meio do orí, palavra de origem iorubá, que significa “fazer a cabeça”, fazer o rito de iniciação no candomblé, ou seja, uma possibilidade de renascimento. Conclui-se que tal documentário oferece representações da religiosidade afro-brasileira como um sistema de pensamento, que se inscreve na tessitura fílmica por meio da pluralidade de vozes, da centralidade visual de corpos negros em transe, das relações de pertencimento dentro do terreiro, e da ligação com a terra e com a ancestralidade.