Desvendando os laços familiares após uma sentença: um olhar da terapia ocupacional

No passado as pessoas que sofriam de algum transtorno mental eram vistas como sujeitos tomados pelas forças malignas. Em outro momento, tidas como loucas e expurgadas do seu próprio seio familiar ou sendo isoladas nas suas próprias casas. Com o passar do tempo foram criados lugares para alocar essas pessoas, os futuros hospitais psiquiátricos, e para pessoas com transtornos mentais, que cometeram delitos, a reclusão em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) que em sua essência, agrupa características hospitalares e de presídio. O objetivo geral desta pesquisa foi compreender o significado de família para diferentes atores sociais, dentro do HCTP. Os objetivos específicos foram permitir a expressão de nove sujeitos por meio de atividade expressiva sobre família; compreender a percepção sobre família desses internos sob a ótica da equipe de referência e descrever a percepção dos profissionais quanto ao trabalho realizado dentro do HCTP. Para isto utilizou-se da metodologia qualitativa com base teórico-metodológica sócio-histórica, e para a coleta de dados foi utilizada a técnica de entrevista aberta. Os resultados deixam claro a importância da profissão nesse ambiente para a manutenção dos papéis ocupacionais dentro do contexto familiar, proporcionando a manutenção ou o fortalecimento dos mesmos, permitindo uma melhor adesão dos internos ao tratamento dentro do HCTP, tratamento este que muitas vezes pode trazer descrença aos profissionais, por conta de constantes reincidências, das próprias atitudes do interno, além da dificuldade da continuidade do tratamento quando saem do HCTP, devido à dificuldade da própria rede.