Vade retro, Corona!

ResumoO presente artigo apresenta reflexões a respeito do modo como o Coronavírus – tratado metaforicamente como Diabo –, introduziu-se no cotidiano de todos os habitantes do Planeta, alterando formas de apropriação e vivências espaciais, impondo novas rotinas e práticas ritualizadas, gerando medo e incertezas em relação ao futuro.  Vexação, obsessão, possessão e infestação – expressões de ataque demoníaco derivadas da tradição católica –, serão aqui “secularizadas”, assim como os rituais referidos no texto romperão com barreiras que contrapõem racional e lógico versus não racional e místico. As diferentes áreas/instâncias da vida em que o Coronavírus exerceu seu poder (para além da saúde, stricto sensu) merecerão problematização, tendo como elementos empíricos dados derivados de um questionário on-line aplicado a usuários do Facebook, além de “memes” que estiveram presentes, durante 2020, na mesma rede social. Palavras-chave: Pandemia, Coronavírus, Rituais, Exorcismo, Espacialidades.  AbstractThe article herewith puts forward considerations on how the Coronavirus – metaphorically treated as  “the Devil” – has mingled with peoples’ ordinary lives worldwide, changing forms of appropriation and spatial experiences, imposing new ritualized routines and practices, bringing about fear and uncertainty about the future. Vexation, obsession, possession and infestation – expressions of demonic onslaught embedded in the Catholic tradition – will here be “secularized.” Likewise, the rituals referred in the text will break down barriers that oppose the rational and logical versus the non-rational and mystical. The different areas or instances where the Coronavirus has weighed down its power beyond the area of health (in its strict sense) will demand critical thinking based on empirical data included in an online questionnaire addressed to Facebook users, in addition to “memes” that have been added since 2020.Keywords: Pandemics, Coronavirus, Rituals, Exorcism, Spaciality.