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Investiga-se o trabalho artesanal no cotidiano das mulheres, especificamente o caso da tecelagem artesanal produzida nos domicílios do município de Resende Costa, Minas Gerais. Sabe-se que o trabalho artesanal têxtil sempre esteve presente na vida de muitas mulheres. No passado, fazia parte das incumbências domésticas, ao passo em que era uma das únicas formas de desempenhar uma profissão. Atualmente, trata-se de uma oportunidade empregatícia, especialmente em comunidades cujo setor do artesanato é importante na economia. Tem-se o objetivo de analisar a dinâmica cotidiana do trabalho domiciliar no mercado de Resende Costa, MG, que tem na tecelagem sua principal fonte de renda. Especificamente, buscou-se: refletir acerca da importância do trabalho artesanal no cotidiano das mulheres em um contexto histórico e atual, descrevendo o papel de entidades de economia solidária no auxílio às mulheres artesãs que trabalham em casa; analisar as diferentes ocupações e o perfil dos trabalhadores inseridos no setor de artesanato têxtil em Resende Costa, destacando a participação feminina nesse contexto; e compreender e comparar as vivências e percepções acerca do trabalho com artesanato têxtil nas perspectivas femininas e masculinas dos artesãos do município de Resende Costa, considerando os impactos sociais e econômicos deste. Metodologicamente, realizou-se um levantamento bibliográfico constituindo o arcabouço que sustenta teoricamente a pesquisa. Em conjunto, foram analisados dados quantitativos do Censo Demográfico de 2010. Ainda, concebeu-se um estudo de caso de natureza qualitativa do tipo descritivo-exploratório no campo pesquisado, em que foram aplicados questionários e realizadas entrevistas em profundidade com 40 pessoas – sendo 20 homens e 20 mulheres – que trabalham ou já se ocuparam com a tecelagem têxtil. A amostragem foi selecionada com base na metodologia da ‘bola de neve’, e os dados investigados por meio de uma análise de redes temáticas. Os resultados indicam que as mulheres seguem sendo a maioria na execução da tecelagem, mas os homens também desempenham essa atividade. Destaca-se que as vivências em relação a esse trabalho são distintas entre os gêneros, quando as mulheres se tornam tecelãs ainda na infância e se profissionalizam na vida adulta, desempenhando essa função por toda vida, enquanto os homens se ocupam de maneira momentânea ou trabalham com a tecelagem para complementar suas rendas. Ressalta-se que as mulheres tecem em seus domicílios, possuindo uma rotina de trabalho intensa e extensa, pois precisam desempenhar também as atividades domésticas. Em termos de salários, no geral, os homens adquirem maiores remunerações quando comparados com as mulheres e isso é justificado pelos artesãos, pois, em suas concepções, as mulheres possuem menos tempo que os homens para desempenhar a prática, já que estas precisam também executar as tarefas domésticas e de cuidado. A tecelagem artesanal de Resende Costa é caracterizada por ser um ofício realizado de maneira precarizada, na medida em que o trabalho é realizado em suma de maneira informal, em que os tecelões não possuem direitos estabelecidos na ‘Consolidação das Leis Trabalhistas’ – CLT – por ser uma atividade realizada sem carteira de trabalho assinada. As entidades de economia social são entendidas como mecanismos de auxiliar no trabalho dos artesãos, fomentando a renda destes e empoderando os seus trabalhos. Apesar da existência de uma associação voltada para os artesãos, a mesma não é fundamentada com bases na solidariedade, não auxiliando na manutenção e sustentabilidade do trabalho dos tecelões. Palavras-chave: Artesanato têxtil. Resende Costa. Tecelagem. Trabalho feminino.

Nas tramas do tear tecem-se histórias – o artesanato têxtil de Resende Costa, Minas Gerais: trabalho, vida cotidiana e gênero