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Neste artigo apresentamos uma análise das acções colectivas e de protesto ocorridas em Portugal entre 1992 e 2002. O objectivo principal é apreender de forma mais precisa a configuração social e política das acções de protesto, a sua evolução no tempo, as suas características definidoras e o reportório de tecnologias utilizado. A efervescência política e o elevado grau de mobilização detectados contrastam com as habituais afirmações da debilidade da sociedade civil em Portugal. Sendo as acções de protesto marcadas por um localismo acentuado, argumentamos que este localismo pode potenciar uma renovação da vivência política, assente na participação e na proximidade dos poderes aos cidadãos, numa democratização radical da vida social e política. A violência que perpassa muitas das acções analisadas não pode ser lida como a reminiscência de uma qualquer violência primordial ou de lógicas atávicas de actuação política, mas sim como um indicador da maturidade democrática da sociedade portuguesa. A centralidade da escola, a todos os seus níveis de ensino, nas acções de protesto revelam quão importante é a educação e o capital escolar nas estratégias familiares de reprodução e de mobilidade sociais na sociedade portuguesa. This article presents an analysis of collective actions and protests that occurred in Portugal between 1992 and 2002. The authors’ main aim is to understand in a more exact way the social and political configuration of protest actions, their development over time, their defining features, and the repertory of technologies used. The political effervescence and the high level of mobilization contradict the usual assertions about the weakness of civil society in Portugal. Since protest actions are strongly local, they argue that this localism can lead to a renovation of political involvement, based on participation and on the proximity of citizens to power structures, radically democratizing social and political life. The violence of many of the actions analyzed should not be read as a remnant of some primordial violence or of atavistic logics of political performance, but rather as a sign of the democratic maturity of Portuguese society. The centrality of school, in all its levels, in protest actions attests to the importance of education and educational capital in family strategies of social reproduction and mobility in Portuguese society. Dans cet article, nous présentons une analyse des actions collectives et des mouvements de contestation qui ont eu lieu entre 1992 et 2002 au Portugal. L’objectif principal est d’appréhender de manière plus précise la configuration sociale et politique des actions de protestation, son évolution dans le temps, ses caractéristiques déterminantes et le répertoire des techniques utilisées. L’effervescence politique et le haut degré de mobilisation que nous y constatons contrastent avec les habituelles affirmations à propos de la faiblesse de la société civile au Portugal. Les actions de contestation étant marquées par un localisme accentué, notre argument est que ce localisme a toute la potentialité de déboucher sur un renouveau de la vivacité politique en se fondant sur la participation et la proximité des pouvoirs par rapport aux citoyens, à travers une démocratisation radicale de la vie sociale et politique. La violence qui traverse de nombreuses actions analysées ne peut pas être lue comme la réminiscence d’une quelconque violence originelle ou dérivant des logiques ataviques de l’action politique; elle doit être lue tout au contraire comme indicatrice de la maturité démocratique de la société portugaise. La centralité de l’enseignement, à tous les niveaux, dans les actions de contestation révèlent combien est importante l’éducation et le capital scolaire dans les stratégies familiales de reproduction et de mobilité sociales dans la société portugaise

Action collective et contestation au Portugal : les mouvements sociaux dans le miroir des médias (1992-2002)