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Trata-se de um livro inicialmente publicado no ano de 1993 pela Editora Brill e republicado em 2000 com novo prefácio, e ainda indisponível para o mercado nacional em versão traduzida para o português. Divide-se em sete capítulos distribuídos em 312 páginas. Seu autor é Benson Saler, professor emérito da Universidade de Brandeis, Estados Unidos, vinculado ao Departamento de Antropologia. Saler possui uma carreira científica admirável, tendo presidido a Sociedade para a Antropologia da Religião em 1997 e sendo vice-presidente interino da Associação Americana de Antropologia, seção de Antropologia da Religião, em 1997-98. Saler introduz o livro afirmando que religião é uma categoria ocidental popular (folk) de que os acadêmicos ocidentais se apropriaram. O problema principal gira em torno de como a experiência prévia desses acadêmicos, enquanto ocidentais populares, também modula sua conceituação do que é religião e de como isso impacta sua experiência transcultural e profissional. Uma dessas questões é exemplificada pela ausência do termo na rede semântica de vários povos e da consequente questão: com o que, afinal, se está comparando religião? O antropólogo resgata o argumento desenvolvido por Roy Wagner (2018) em seu famoso livro A invenção da cultura como uma das possíveis estratégias utilizadas pelos etnógrafos ao lidar com questões do campo, nas quais o profissional utiliza seus significados próprios para construir uma representação compreensiva da cultura em questão. Essa representação não seria senão um conjunto de analogias no qual é traduzido um conjunto de significados para outros. Saler inicia o livro considerando a proposta “eliminativista” desenvolvida por Wilfred Smith em O Sentido e o fim da Religião (2007), segundo a qual se deve abandonar o uso do termo religião e substituí-lo por “tradição cumulativa” e “fé”. Saler argumenta que o questionamento da validade analítica do termo religião para as análises culturais é válido. No entanto, compreender a história cultural, etimológica e as limitações de seus usos parece uma solução mais plausível do que o abandono de termos analíticos que não se limitam à categoria religião, mas também se estendem às categorias casamento e magia. Nesse sentido, as categorias poderiam ser reformadas e refinadas, mas não

SALER, B. Conceptualizing religion: immanent anthropologists, transcendent natives, and unbounded categories