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Os talassinídeos (infraordens Axiidea e Gebiidea) possuem estratégias distintas de recrutamento e dispersão larval. A dispersão ocorre para que as larvas tenham acesso a massas de água com condições ideais para seu desenvolvimento, o que aumenta a sobrevivência larval. Upogebia vasquezi é a espécie mais abundante dentre os Gebiidea da costa Amazônica, sendo uma espécie-chave na cadeia trófica aquática na região estuarina. Pesquisas experimentais foram realizadas com as larvas dessa espécie em laboratório, testando o efeito de diferentes condições de salinidade sobre o seu desenvolvimento; em que se verificou que a sobrevivência dos estágios larvais de U. vasquezi aumenta em salinidades mais altas, indicando uma possível adoção da estratégia de exportação larval. Contudo, ainda não se conhecia o padrão de distribuição das larvas desta espécie em gradiente de salinidade no ambiente natural, sendo assim, não era possível afirmar com precisão de que a hipótese de exportação larval anteriormente levantada era válida. Com isso, o objetivo desde trabalho foi confirmar ou refutar a hipótese de exportação larval para U. vasquezi na Plataforma Continental do Amazonas (PCA). Considerando que a PCA é sujeita a fortes variações de salinidade dependendo da precipitação e/ou vazão do Rio Amazonas, foram feitas amostragens em 6 locais em transecto perpendicular partindo-se da zona costeira da Ilha do Marajó até proximidades da quebra da Plataforma Continental (23, 53, 83, 158, 198 e 270 km de distância da costa), ao longo de 2 anos, com periodicidade trimestral (abril/13 a janeiro/15). As larvas foram coletadas por meio de arrastos superficiais e oblíquos com redes de plâncton (malha de 200 μm). As larvas de U. vasquezi apresentaram densidade média de 0,43 ± 2,49 larvas/100m3 ao longo dos dois anos de coleta. Apesar da baixa densidade, todos os estágios larvais estiveram presentes (zoea I a IV, exceto megalopa), em quase toda a extensão da PCA (a partir de 53km até 198km de distância da costa) e em quase todos os meses de coleta (exceto outubro/13 e janeiro/14). Este resultado confirma a hipótese de exportação larval desta espécie para águas mais salinas a fim de possibilitar o desenvolvimento larval em massas de aguas ideais a sua sobrevivência. Esse tipo de informação tem grande valor para a melhor compreensão sobre o ciclo de vida desses crustáceos, contribuindo para a adoção de medidas de conservação e gerenciamento dos recursos aquáticos nessa região.

CONFIRMAÇÃO DA HIPÓTESE DE EXPORTAÇÃO LARVAL DO TALASSINÍDEO UPOGEBIA VASQUEZI (DECAPODA, GEBIIDEA) NA PLATAFORMA CONTINENTAL DO AMAZONAS