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Pertenço ao povo indígena Iny, “nós” é a forma com que nos autodenominamos. Mas somos mais conhecidos como Karajá. Segundo a cosmologia, o povo Iny viemos do Berahatxi Mahãdu, o povo do fundo das águas do Rio Araguaia; vivemos às margens dele, que se localiza nos estados de Goiás, Mato Grosso, Pará e Tocantins. Falamos a língua Iny rèbe, pertencente ao tronco linguístico Macro-Jê. Atualmente, nas comunidades Iny, há um grande número de jovens, e eu particularmente pertenço à Aldeia Lago Grande (não demarcada), em que a cidade mais próxima é o município de Santa Terezinha, MT. Muitos jovens Iny estão buscando se fortalecer e estão em busca de melhorias para suas comunidades. Ingressar nas universidades é um instrumento de luta e, ao mesmo tempo, de resistência! E sigo compondo a resistência com o meu povo. No ano de 2014, decidi fazer o vestibular e consegui ser aprovada; foi a primeira vez que consegui ingressar em uma universidade, na Universidade Federal do Tocantins, no curso de Ciências Contábeis. Deixei com meus pais meu filho David Vinnycius Mahalani De Moura Karajá, com dois anos de idade, estudei um semestre, mas acabei desistindo do curso. Não me identifiquei com o curso e sentia muitas dificuldades nas disciplinas, não conseguia compreender quase nada, as disciplinas nas áreas de exatas são complexas e nós estudantes indígenas às vezes passamos por muita dificuldade. Logo depois, em 2015, consegui ingressar novamente na universidade, mas desta vez na Universidade Federal de Goiás. Estudei dois semestres, mas engravidei nesse período; eu, que já tinha mais um filho, estava grávida de novo. Quando estava próximo de minha filha nascer, tranquei a faculdade e fui para aldeia, pois morava na Casa do Estudante da universidade e não era permitido estudantes

Trajetórias de uma estudante Iny(Karajá): narrativa de acesso e permanência no curso superior