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Introdução A história da alimentação possui algumas questões chaves: o que se come, como se come, onde e com quem se come; tais questões revelam aspectos econômicos e culturais de uma determinada sociedade, fazendo com que esta seja uma chave interpretativa válida. Considerando que alimentar-se não é apenas uma necessidade biológica, podemos refletir e investigar quais são os mecanismos de escolhas para ingerirmos certos alimentos. Durante séculos o tratamento de doenças mais utilizado se dava através da alimentação, sendo o expoente mais conhecido a dietética galênica, que buscava o equilíbrio do corpo através dos alimentos e dos temperos utilizados para modificá-los. Mais difundido na Europa, esse conhecimento nem sempre era possível de ser aplicado na América Portuguesa, visto as diferenças de clima, flora e fauna. Surge então um fenômeno típico da colônia: as artes de curar, que mesclavam diversos procedimentos de cura, na tentativa de adequar os conhecimentos existentes à nova realidade americana. A presente pesquisa buscou em dois tratados sobre artes de curar, Erário Mineral (1735) de Luis Gomes Ferreira e Governo de Mineiros (1770) de José Antonio Mendes, escritos por cirurgiões portugueses que atuaram em Minas Gerais do século XVIII, as práticas alimentares presentes na região e apreender o significado da dieta alimentar cotidiana, a fim de se compreender melhor a relação existente na época entre alimentação e saúde.

Alimentação e Saúde: uma análise das práticas alimentares a partir dos tratados sobre as artes de curar nas Minas Gerais Setecentistas