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Zonear um território em áreas homogêneas é uma pesquisa científica baseada no princípio da classificação e do estudo da sinergia das variáveis utilizadas. As zonas homogêneas são classificadas pelas associações de diferenças e semelhanças entre si. A técnica do zoneamento pode ser aplicada em uma região seja com o uso de uma única disciplina, com mais de uma disciplina aos modos plurie interdisciplinares. Esses tipos de zoneamentos oferecem particularidades metodológicas e produtos que são específicos de cada um. Este artigo é o primeiro de uma série sobre o zoneamento interdisciplinar por isso é eminentemente conceitual. Nele se apreende toda uma experiência internacional bem como pesquisas desenvolvidas no sentido de conceituar, especificar e delimitar metodologias próprias para a abordagem interdisciplinar [Martins Jr., 1998]. Questões específicas serão consideradas, mas aquelas que contextualizam essa abordagem no âmbito da produção científica em geral envolve diversos aspectos que ultrapassam essa própria teoria e estão no campo da Epistemologia. Qual o sentido específico de se zonear uma região, um ecossistema ou uma bacia hidrográfica? Tal coisa advém do fato de que a própria atividade mental se processa ao modo classificatório. Esse tem como etapas: (1) discernir; (2) identificar; (3) definir e (4) entender. As três funções primeiras traduzem a operação classificatória e respondem à pergunta fundamental o que é o que e a última permite que se disseque os aspectos do porque e do como. A classificação implica a percepção do todo, de suas partes, da relação das partes com o todo e a própria percepção das partes como partes integrais vistas como sub-sistemas. Ora o sentido da classificação é justamente a determinação de homogeneidades e heterogeneidades, tanto estruturais quanto funcionais, que permitirão que as áreas do território se agrupem quanto ao que têm de comum. Essa necessidade de agrupar-se apresenta logo de início como condição básica para se poder identificar as condições de contorno que deverão assim ter uma geofisiologia própria descritas minuciosamente tal que a lei natural de funcionamento de uma unidade possa aparecer com toda clareza. O zoneamento cartográfico de uma região, baseado em múltiplas disciplinas, torna-se uma atividade de carácter interdisciplinar se, e tão somente se, envolver o tratamento conjunto e simultâneo de múltiplas variáveis provenientes de diversas ciências, operandose no contexto de um modelo unificador a priori. Isto é totalmente distinto da abordagem pluridisciplinar. No que diz respeito a bacias hidrográficas, as unidades objeto são as próprias sub-bacias de todas as ordens. São de tamanho muito variável, mas refletem inequivocamente aspectos fisiomórficos e funcionais próprios para um zoneamento de unidades sistêmicas de terra e água. Os diversos tipos de zoneamentos não são idênticos entre si, mas uma vez que todos estejam feitos, pode-se então realizar uma comparação entre os mesmos e uma síntese conveniente. Esses passos são totalmente próprios da abordagem interdisciplinar no que ela tem de processo classificatório e diferem fundamentalmente da abordagem pluridisciplinar de integração dos produtos das múltiplas disciplinas. Para que aquelas etapas se realizem de modo adequado o acesso e/ou a produção das informações básicas deve proceder primeiramente do próprio âmbito das ciências especialistas. A incompletitude dos dados de cada ciência especialista, a limitação dos dados a peculiaridades dos assuntos especialistas, as limitações próprias às condições dos sub-sistemas naturais com que toda ciência especialista trata, faz com que a abordagem interdisciplinar, apesar de necessitar das etapas disciplinar e pluridisciplinar, deva dirigi-las a priori de modo a coordenar a escolha dos métodos, a seleção dos dados, a determinação do que levantar, a consistência dos dados, os tratamentos estatísticos convenientes e demanda de dados gerados a partir de modelos matemáticos de aplicação setorial. Classificar bacias hidrográficas e ecossistemas em áreas homogêneas permite prosseguir-se com o estudo da hierarquia e sinergia entre variáveis e áreas homogêneas, e permite vir determinar-se a lei natural de funcionamento de uma unidade ecossistêmica em qualquer estágio de alteração, ou não, em que esteja essa unidade.

METODOLOGIA PARA ZONEAMENTOS GEO-ECOLÓGICOS INTERDISCIPLINARES DE BACIAS HIDROGRÁFICAS E ECOSSISTEMAS