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O Pe. António Vieira foi submetido a residência forçada em Coimbra, de Fevereiro de 1663 até Setembro de 1665, e, finalmente, preso pela Inquisição, no dia 1 de Outubro. Publicou-se (AZEVEDO, 1926, 1971) uma importante série de cartas dele, que se escalonam com bastante regularidade de 17 de Dezembro de 1663 a 28 de Setembro de 1665. Às 133 cartas conservadas, que se sucedem com um ritmo quase sempre semanal e, às vezes, pluri-semanal (fig. 1), correspondem 109 datas diferentes. O Pe. António Vieira escrevia muito regularmente a D. Rodrigo de Meneses, que era Regedor das Justiças, irmão do Marquês de Marialva e partidário do Infante D. Pedro. Subscrevendo-se seu "capelão e criado", escrevia-lhe, em regra às segundas-feiras, para a sua carta ser entregue "muito a tempo" ao correio para Lisboa, que saía de Coimbra às terças-feiras. O correio vindo de Lisboa chegava à cidade do Mondego quarta-feira à noite ou quinta-feira. Outros correspondentes habituais eram, então, o Marquês de Gouveia que, afastado da Corte, residiu na sua terra até Setembro de 1664, altura em que foi autorizado a regressar a Lisboa, o Duque de Cadaval e o seu irmão D. Teodósio, cónego da Sé de Lisboa. O Duque de Cadaval, desterrado em Almeida com importante comando militar, foi autorizado em 1663 a residir em Tentúgal, donde vinha, às vezes, visitar discretamente o Pe. António Vieira, quando este se encontrava na Quinta de Vila Franca, residência estival dos Jesuítas, na margem do Mondego. Em cerca de 30 das cartas que foram conservadas encontram-se alusões mais ou menos desenvolvidas ao "tempo que faz". Esta documentação permite reconstituir com boa aproximação os períodos onde tipos de tempo extremos pareceram dignos de nota ao Pe. António Vieira.

Os tipos de tempo em Coimbra (Dez. 1663 - Set. 1665), nas cartas do Padre António Vieira