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Hilda Hilst dizia que um bom livro erótico deveria passar no “teste do colo”, a saber, o leitor deixaria o livro sobre o colo e, se o livro começasse a levantar, é porque o objetivo foi atingido. Tal visão está afinada à concepção de Dominique Maingueneau,1 para quem os textos pornográficos pertencem à paraliteratura, entendida como uma literatura que provoca no leitor um efeito determinado de antemão, nesse caso, excitá-lo sexualmente. Ora, mesmo que visar excitar o leitor fosse um defeito, não poderíamos rebaixar o erotismo ou a pornografia – tal distinção não cabe aqui – à categoria de paraliteratura, até porque nem sempre a literatura erótica comporta apenas essa dimensão e, indo mais longe: nem sempre a literatura erótica é capaz de excitar – isso varia de leitor para leitor. Aliás, Boris Vian2 (1980) assinala que a literatura erótica só existe para o erotomaníaco, isto é, só encontra “sacanagem” num livro aquele que a procura, que a enxerga mesmo onde não há. Assim, quando o leitor se depara com a Antologia da poesia erótica brasileira organizada por Eliane Robert Moraes, é preciso que tenha em mente, apesar da palavra “erótica”, que os poemas compilados pela pesquisadora, muito mais do que causar lascívia, frequentemente

MORAES, Eliane Robert (org.). Antologia da poesia erótica brasileira. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2015. 504 p.