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The cultivation of U. cordatus larvae in the laboratory is a crucial step for restocking programs for the species. However, the larviculture technology still need to achieve the same technological level observed in the larval culture of other species. In this sense, the most basic larval requirements need to be better addressed. The development of the larvae of crustaceans is highly influenced by many environmental factors, including temperature. Thus, to determine the appropriate temperature for U. cordatus larval cultivation in the laboratory, experiments were performed to evaluate survival rates and time required to rise the complete larval phase. Three temperatures were tested: 20, 25 and 30 (±1)°C. Larvae cultivated at 20±1°C of temperature did not complete the larval development, remaining at the stage of zoea until the end of the experiment. Larvae maintained at 25±1 and 30±1° C completed the larval development, reaching the stage of megalopa. There was no statistical difference in survival rates of larvae cultivated at 25±1 and 30±1°C (p> 0.05). The time required to the complete larval development was significantly shorter for larvae growing at 30±1°C. Based on these results, we can infer that the larvae of U. cordatus should be cultivated at temperatures equal or greater than 25±1°C. Key word: Larval development, larviculture, temperature, Ucides cordatus.  1Biólogo, Analista Ambiental, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Ministério do Meio Ambiente. 2Professor, Grupo Integrado de Aquicultura e Meio Ambiente, Universidade Federal do Paraná. 3Colaborador, Grupo Integrado de Aquicultura e Meio Ambiente, Universidade Federal do Paraná. e-mail: kellycottens@yahoo.com.br Boletim Técnico-Cientifico do CEPNOR Bol. Téc. Cient. Cepnor, v. 10, n. 1, p: 67 78, 2010 68 INTRODUÇÃO O caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763), ocorre em áreas de manguezal do litoral atlântico das Américas, desde o sul do estado da Flórida (EUA) até o norte do estado brasileiro de Santa Catarina (MELO, 1996). Os adultos vivem em galerias escavadas no solo do manguezal (MOTA-ALVES, 1975; BLANKENSTEIN et al., 1997; ALVES et al., 2005) e a sua reprodução ocorre através da produção de larvas planctônicas, que são exportadas para zonas costeiras (RODRIGUES; HEBLING, 1989; FREIRE, 1998; ANGER, 2001). A exploração comercial do caranguejo contribui para o sustento de populações tradicionais que se dedicam à pesca artesanal, notadamente àquelas de mais baixa renda (GLASER, 2003). Durante a maré baixa, os catadores de caranguejo percorrem grandes distâncias dentro dos manguezais a procura das tocas escavadas pelo caranguejo no solo, retirando o animal com o braço ou com auxílio de ferramentas como o “gancho” ou “cambito” (LEGAT, 2006). Apesar do valor de venda recebido pelos catadores de caranguejo ser geralmente muito baixo, principalmente considerando o valor ecológico desse recurso e as dificuldades envolvidas em sua captura, o comércio de caranguejos ainda é uma atividade economicamente atrativa para as comunidades tradicionais. Este fato está relacionado tanto com a inexigibilidade de investimentos em petrechos de pesca como redes e embarcações, quanto aos valores pouco atrativos de outros produtos do manguezal, como pequenos moluscos bivalves, ostras e siris. (ALVES et al., 2005; PASSOS; DI BENEDITTO, 2005). O sabor característico da carne de caranguejo é bastante apreciado e seu consumo faz parte de inúmeros roteiros turístico e gastronômicos ao longo do litoral brasileiro. Por este motivo, a demanda de mercado pelo caranguejo-uçá sofre um incremento substancial nos meses de verão, época em que o número de turistas aumenta. A grande demanda de mercado pelo caranguejo-uçá sustenta uma complexa rede de relações sociais e comerciais cujo objetivo final é abastecer os grandes centros urbanos com o caranguejo. A sustentabilidade dessa atividade econômica não parece ser priorizada nem pelos catadores nem pelos atravessadores. De um lado os catadores, reféns da baixa remuneração, desorganização social e da inexistência de atividades econômicas alternativas, aumentam desordenadamente o esforço de captura, e do outro os atravessadores, que têm perdas por mortalidade de até 50% durante o transporte, realizado de forma inadequada e por longas distâncias (GLASER, 2003; LEGAT, 2006). Outra forma de comercialização é a carne catada de caranguejo. Apesar de representar uma parcela menor do mercado, é de grande importância nos estados do Maranhão e do Pará (SAMPAIO, 2007). A fabricação deste produto é artesanal, não registrada no órgão de fiscalização sanitária e pode utilizar animais abaixo de 6,0 cm de largura de carapaça, tamanho mínimo de captura permitido pela legislação vigente (IBAMA, 2003). Desta forma, mesmo que a exploração comercial não coloque esta espécie em risco de extinção, a atividade pode se tornar inviável a médio e longo prazo (SCHMITD; OLIVEIRA, 2006; JANKOWSKY, 2007). Outro problema que contribuiu para a redução dos estoques foram os eventos de mortalidade, relatados primeiramente por coletores de caranguejo-uçá, em 1996 no estado de Sergipe e, posteriormente, na Bahia, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará e Espírito Santo (MMA, 2007). Os indivíduos acometidos pela enfermidade apresentam, entre outros sinais, um comportamento letárgico, o que inspirou o nome de “Doença do Caranguejo Letárgico” DCL (BOEGER et al., 2005). O agente infeccioso causador da DCL foi posteriormente identificado como um fungo ascomiceto, da família Exophiala (BOEGER et al., 2007). Um detalhe fundamental para a compreensão da patogenia da doença é que fungos dessa Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte Bol. Téc. Cient. Cepnor, v. 10, n. 1, p: 67 78, 2010 69 família são bastante comuns no material vegetal em decomposição no sedimento dos próprios manguezais (ITO; NAKAGIRI, 1997). Atualmente, a doença não ocorre em grandes extensões de manguezal e relatos isolados continuam a ser reportados no litoral baiano (COTTENS, dados não publicados). Outro fato interessante é que, apesar da severidade da DCL, nas regiões onde o manguezal permaneceu bem preservado, sem aporte significativo de poluentes e o extrativismo é feito de forma controlada, as populações do caranguejo-uçá não entraram em declínio, recompondo-se após o surto da enfermidade, como relatado por Schmitd (2006) na região de Canavieiras, sul do estado da Bahia. Apesar das exceções regionais, a captura do caranguejo-uçá segue o mesmo padrão de declínio dos principais recursos pesqueiros mundiais e do próprio extrativismo como atividade econômica (FAO, 2003). Estratégias de manejo pesqueiro tentam ordenar a atividade visando evitar a sobrexplotação dos estoques naturais, racionalizando a captura na esperança de estabelecer níveis sustentáveis de extração (PAULY et al., 2002; LANA, 2004). No caso específico da captura do caranguejo-uçá, ainda está em risco uma importante atividade tradicional das comunidades litorâneas brasileiras (SEBRAE, 2004; SCHMITD; OLIVEIRA, 2006; JANKOWSKY, 2007). Uma das alternativas à captura do caranguejo é o cultivo comercial cuja viabilidade foi investigada por Ostrensky et al. (1995), Diele (2000) e Pinheiro et al. (2005). Os resultados demonstraram que o cultivo da espécie é economicamente inviável, visto que para atingir o tamanho comercial de 6 cm de largura de carapaça, seriam necessários entre 7 e 10 anos (OSTRENSKY et al., 1995; DIELE, 2000; PINHEIRO et al., 2005). Outra estratégia de manejo pesqueiro é o repovoamento, já adotada em muitos países. Várias espécies de peixes e crustáceos, produzidas em laboratório, estão sendo reintroduzidas no ambiente natural para acelerar a recuperação de áreas antropicamente impactadas (WILLIAMS; PRIMAVERA, 2001; DAVIS et al., 2005; VAN DER MEEREN, 2005; ZMORA et al., 2005). A base conceitual dos programas de repovoamento é aumentar a taxa de recrutamento das espécies através da liberação de formas imaturas diretamente em habitats preservados ou em recuperação. O repovoamento pode auxiliar na manutenção das populações naturais em declínio, ou até mesmo reintroduzir uma determinada espécie em áreas nas quais ela era anteriormente abundante (SILVA, 2007; BELL et al., 2008; ELLISON, 2008). Para determinar as melhores condições de cultivo das larvas de U. cordatus, diversos estudos foram realizados: A tolerância das larvas a variações de salinidade foi descrita por Rodrigues e Hebling (1989), Silva (2001) e Diele e Simith (2006), e se relaciona evolutivamente ao mecanismo de dispersão larval (QUEIROGA; BLANTON, 2005; DIELE; SIMITH, 2006). A temperatura, por usa vez, interfere profundamente no desenvolvimento larval de crustáceos decapodos (ANGER, 2001; GARDNER et al., 2004), incluindo a duração de cada estágio larval, a morfologia e o tamanho das larvas, eficiência na captura de alimentos, comportamento e taxas finais de sobrevivência (SHIRLEY et al., 1987; LIN et al., 2002; ANGER et al., 2004; GARDNER et al., 2004). No ambiente natural, as larvas de crustáceos nadam ativamente e são capazes de migrar na coluna em resposta a variações ambientais, incluindo a temperatura, procurando condições ambientais mais favoráveis (FORWARD, 1990; WEBLEY; CONNOLY, 2007). A tolerância das larvas a variações de temperatura costuma ser pequena e limitada a poucos graus (ANGER, 2001). Em laboratório, a metodologia de larvicultura indicada para U. cordatus envolve, dentre outros procedimentos, a utilização de aeração constante (SILVA, 2001), o que tende a uniformizar a temperatura do tanque de cultivo, submetendo todas as larvas a mesma condição de temperatura. Boletim Técnico-Cientifico do CEPNOR Bol. Téc. Cient. Cepnor, v. 10, n. 1, p: 67 78, 2010 70 O presente trabalho visa determinar a temperatura mais adequada ao cultivo das lar vas de U. cordatus, investigando o efeito deste parâmetro sobre as taxas de sobrevivência e sobre o tempo de desenvolvimento larval da espéc

boletim técnico-científico do cepnor

A Variação da Taxa de Sobrevivência e do Tempo de Desenvolvimento das Larvas de Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) Cultivadas sob Diferentes Temperaturas