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Identificar as origens da linguagem audiovisual, por meio do estudo de seus primórdios, e localizar tais estruturas nos media eletrônicos, constitui-se um fértil terreno para o campo das Ciências da Linguagem no presente estágio da cultura mediática. E poucas vezes um livro conseguiu nos dar pistas para que tal questão venha a ser elucidada no âmbito do audiovisual brasileiro como A Rádio Nacional Alguns dos momentos que contribuíram para o sucesso da rádio nacional, organizado pela arquiteta Claudia Pinheiro e lançado recentemente pela Editora Nova Fronteira. Trata-se de um minucioso panorama de nossa história cultural, traçado a partir dos anos 30, por meio de uma elegante montagem de textos e fotografias da mitológica Rádio Nacional. Tais materiais são trabalhados sob medida para instigar nossos olhos, ouvidos e mentes, sendo que a experiência de sua leitura nunca está limitada a questões meramente factuais: somos constantemente desafiados pelo sorriso das vitoriosas Rainhas do Rádio; por Lamartine Babo dando uma de papagaio de pirata atrás de Getúlio Vargas; por Cauby Peixoto prestes a recepcionar os campeões da Copa de 1958; ou pela imagem de Dalva de Oliveira ainda no Trio de Ouro, pouco antes de separar-se de Herivelto Martins e maldizê-lo em tantas canções. Os exemplos são inumeráveis, e todos eles nos levam a um questionamento essencial para as pesquisas no campo da Linguagem: por que essa miríade de imagens, de versos de canções antigas ou anedotas do imaginário coletivo nos remete de forma tão avassaladora a outras imagens e sons que nos parecem tão familiares, principalmente se nos ocuparmos da análise dos conteúdos exibidos diariamente em nossos lares pelas redes brasileiras de televisão? É provável que estejamos sendo bombardeados por alguns dos elementos fundadores do imaginário audiovisual brasileiro, os mesmos que fizeram da Rádio Nacional PRE-8 a mais poderosa emissora do país nos anos 40 e 50. E para trilhar tal linha de raciocínio, é crucial partir do pressuposto de que a Nacional cristalizou uma série de estruturas auditivas em nosso imaginário (por várias vezes tive a impressão de ouvi-las nas fotos). Uma hipótese passível de abordagem é a de que estas evoluíram para estruturas propriamente audiovisuais, através, por exemplo, da Rede Globo de Televisão, empresa que herdou da Nacional parte de seu elenco técnico e artístico, além do próprio público e da já referida conformação de nosso repertório de referências culturais. Rádio Nacional, a Rede Globo e outros cacos metonímicos do Brasil a serem colados A

A Rádio Nacional, a Rede Globo e outros cacos metonímicos do Brasil a serem colados