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As conquistas da Educação do Campo e o avanço da extrema-direita: desafios e perspectivas
Author(s) -
Maria de Fátima Almeida Martins,
Abigail Bruna da Cruz,
Leonardo Lencioni Mattos Santos,
Jefferson Veras Nunes
Publication year - 2021
Publication title -
caderno de geografia
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2175-3040
pISSN - 0103-8427
DOI - 10.5752/p.2318-2962.2021v31nesp2p70
Subject(s) - political science , humanities , right to education , philosophy , law , human rights
A pressão dos movimentos socioterritoriais de luta pela terra, em articulação com diferentes instituições da sociedade civil organizada e, associada a isso, um governo de esquerda, que assumiu a educação para as escolas do campo como política pública, contribuíram para o fortalecimento da Educação do Campo. Neste compromisso coletivo, o objetivo foi garantir a criação e manutenção das escolas em espaços rurais com uma proposta pedagógica vinculada à sua realidade, investir na formação de professores voltados para atender essas escolas rurais e a elaboração de materiais didáticos destinados a essa população. Essas ações foram garantidas por políticas públicas constituídas por dentro do Programa Nacional de Educação do Campo (PRONACAMPO), sendo uma dessas políticas o Programa Nacional do Livro Didático do Campo (PNLD Campo). Mas, com o fortalecimento da extrema-direita e da bancada ruralista na política brasileira desde 2016, está em curso um ataque às políticas voltadas ao campo, resultando em fechamento e até mesmo a destruição de algumas escolas rurais, corte de verbas na política de formação de professores para o campo, o encerramento do PNLD Campo e a desarticulação do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA). Esse contexto favorece o fortalecimento do movimento organizado por setores do agronegócio, com objetivo de controlar a educação no espaço agrário brasileiro. Neste sentido, discute-se nesse trabalho um breve histórico da Educação do Campo e das políticas públicas educacionais voltadas ao meio rural. Aponta-se algumas das disputas atuais que abarcam a educação do/no campo, bem como a relação dessas disputas com o aumento do poder das elites agrárias a partir de 2016, demonstrando como a concentração fundiária está na base desses processos.