Por dentro de um Azougue DOI 10.5007/1984-784X.2010v10n15p138

No percurso de análise da revista Azougue (SP–RJ, 1996–2008) como objeto de pesquisa, foi possível perceber como a presença do poeta Roberto Piva se fez não somente como mais um dos colaboradores, mas como um guia para o projeto editorial de toda a revista. Por conta disso a revista Azougue, que foi a primeira revista de poesia dos anos 90, se dedicou a resgatar poetas que iniciaram suas carreiras nos anos 60, alguns anteriores ainda, como referências indispensáveis e importantes de serem lembrados, e outros em formação. Ao adotar as antologias como forma de apresentação padrão, a revista opera um reconhecimento no leitor aproximando-o do artista através das entrevistas ou depoimentos mas, por outro lado, monumentaliza a presença do poeta pelas homenagens prestadas. Há no contato entre poeta e revista, portanto, uma espécie de reciprocidade: a revista é reconhecida pelos poetas que publica e o poeta é reconhecido por ter seus poemas publicados nela. É nesta relação de saque/dádiva em que proponho analisar a participação de Roberto Piva e assim sublinhar uma nova perspectiva para a leitura de sua poesia