CT&I e desenvolvimento desigual no Brasil: é possível outro “modelo de desenvolvimento”?

O território brasileiro é marcado por desigualdades. Para promover a sua redução, o discurso dominante sugere maiores incentivos em Ciência, Tecnologia e Inovação [CT&I]. O objetivo deste artigo é examinar a relação entre os investimentos em CT&I e suas repercussões no território brasileiro, especificamente, quanto à diminuição das desigualdades socioeconômicas e das disparidades inter-regionais. Temporalmente, considerou-se o período recente (2000 a 2013). Geograficamente, usou-se o recorte das macrorregiões brasileiras. Mobilizaram-se indicadores socioeconômicos e dados sobre investimentos em CT&I. Os resultados evidenciam que as políticas de CT&I não vêm contribuindo para a diminuição das desigualdades socioeconômicas e disparidades regionais. A persistência dessas últimas acaba consolidando uma paisagem marcada pelo desenvolvimento geográfico desigual, alimentado por processos históricos de acumulação de capital.  Em vista disso, sugere-se outro modelo de desenvolvimento, mais democrático, feito para e com as pessoas, baseado noutra matriz de CT&I, em que a tecnologia social deverá ganhar maior relevância.