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O Manejo das Caiçaras Indígenas: Uma prática agropecuária no Lavrado de Roraima, Amazônia brasileira.
Author(s) -
Ludmilla Verona Carvalho Gonçalves,
Sônia Sena Alfaia,
Carlos Machado Dias
Publication year - 2019
Publication title -
mundo amazónico/mundo amazónico
Language(s) - Portuguese
Resource type - Journals
eISSN - 2145-5082
pISSN - 2145-5074
DOI - 10.15446/ma.v10n1.73186
Subject(s) - humanities , geography , art
Esse artigo tem o objetivo relatar aspectos da introdução da pecuária entre os povos indígenas que habitam a região do Lavrado no Estado de Roraima, Amazônia brasileira. Mais especificamente, a partir dos povos Macuxi e Wapixana da Comunidade Aningal, entre os quais situa o relato etnográfico analítico sobre suas atuais formas do manejo do gado, associadas à prática da Caiçara. A pecuária foi introduzida na região no século XVIII, levando muitos grupos indígenas a transformações estruturais em suas formas de organização social, estimulando jovens e adultos a trabalharem na pecuária, manejando o gado e “domesticando” à ocupação extensiva do Lavrado. As comunidades indígenas absorveram a pecuária e adaptaram à sua realidade, revelando um interessante processo de adaptação e controle das relações que os envolviam em contexto interétnico. Na comunidade Aningal, onde o presente estudo foi realizado, houve a criação de Retiros (fazendas) indígenas, construídas em ajuri (trabalhos coletivos), onde o gado é manejado por um “vaqueiro” designado em Assembleias. Os animais são mantidos livres ao longo do dia e confinados à noite em caiçaras, o esterco produzido e acumulado escoa para as partes mais baixas do terreno adubando o solo e possibilitando a utilização das áreas adjacentes às caiçaras onde são cultivadas diversas espécies, com destaque para banana. O manejo das caiçaras evidencia o conhecimento dos indígenas sobre os efeitos do esterco como fertilizante e a prática das caiçaras caracteriza um sistema agropastoril do tipo temporal.