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Essa etnografia visa a compreensão do cotidiano e do estilo de vida de atletas de fisiculturismo. Transcrevemos a trajetória de atores selecionados, abordando as relações que tecem entre si e com a sociedade em geral. Utilizamos entrevistas, participação observante em locais selecionados, etnografia virtual, dentre outras variadas ferramentas metodológicas qualitativas. Foi possível acompanhar atletas em idas ás academias e determinadas confraternizações aos finais de semana, além da participação em comunidades virtuais. Assim, cada eixo deste trabalho é articulado com o objetivo de compreensão dos vários aspectos que compõem a vida dessas pessoas. Num primeiro momento, discutimos como é adentrar no esporte, de modo a prover explicações sobre categorias nativas, considerando ainda aspectos como o estigma do corpo musculoso e as técnicas corporais dos atletas. Em seguida, elaboramos a dimensão emocional do estilo de vida, que é o elemento marcante tanto para a transformação da vida corporal; da mesma importância é a existência de uma linguagem bioquímica das emoções, por sua vez utilizada para explicar as mudanças comportamentais. Posteriormente, atentamos aos modos em como são aglutinadas as sociabilidades em torno de medicamentos, de maneira a reconstituir, um tratamento alternativo proposto por interlocutores. Por fim, analisaremos a nutrição e sua ciência pelo ponto de vista dos atores, demonstrando como o corpo e o cérebro são construídos simultaneamente. Concluímos que, por trás da intensidade e do risco, estamos diante de um novo de regime corporificação, afinal, a performance bioquímica dita e direciona a construção do corpo/pessoa. Por este ângulo, a ciência do aprimoramento e sua potência produzem, regulam e tornam-se uma lente pela qual os atletas enxergam e interagem com o mundo.

Corpo e excelência: uma etnografia sobre práticas de self-enhancement e intensidade no bodybuilding