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No litoral brasileiro a exploração do camarão escavador Callichirus major (Decapoda: Callianassidae), conhecido popularmente como “corrupto”, foi documentada inicialmente na região Sudeste em meados da década de 1980 e difundiu-se nos anos subsequentes pelos litorais Sul e Nordeste. Todavia, até o presente há poucas informações sobre os aspectos, demográficos, sociais e econômicos relacionados à exploração do C. major como recurso natural. Visando contribuir para o preenchimento de tais lacunas, o presente trabalho teve por objetivo caracterizar a atividade de coleta de C. major como isca em uma praia urbana do Nordeste do Brasil. O estudo foi desenvolvido em um trecho de 5 km de extensão na praia de Piedade (Pernambuco) onde a exploração da espécie é registrada desde o final da década de 1990. Foram realizadas 11 campanhas de entrevistas, entre setembro de 2017 e junho de 2018, empregando um esforço amostral de 4h/dia, dividido em 2h antes e após o pico da baixa-mar. Foram aplicados questionários semiestruturados, abordando aspectos demográficos, sociais, econômicos (valoração do recurso natural), preferências qualitativas na coleta de iscas e à percepção dos respondentes sobre o impacto negativo desta atividade sobre a espécie-alvo. Foram identificadas três categorias de respondentes: pescadores não coletores (apenas utilizam iscas para pescar peixes); pescadorescoletores (coletam e utilizam iscas) e coletores de iscas. A bomba de sucção foi único instrumento de coleta. Dos 68 entrevistados, 100% eram do sexo masculino, dos quais 68% adultos, e 67% residiam na localidade. Do total, 42% eram pescadores não coletores; 49% pescadores-coletores e 9% coletores de iscas. Cerca de 47% possuíam atividade econômica formal, 39% estavam desempregados e 14% aposentados. Quanto ao uso de C. major como recurso natural, 92,3% declararam utilizá-lo como isca; 4,6% para alimentação e 3,1% para comercialização. A preferência por animais grandes foi declarada por 36,5% dos entrevistados. As iscas não utilizadas imediatamente são conservadas em salmoura e congeladas para uso posterior. C. major é comercializado em garrafas plásticas reutilizadas, contendo de 25-30 animais, pelo valor de R$10,00. Sobre os impactos causados a espécie, 40,7% dos entrevistados acreditam que a coleta não a afeta negativamente, mas são favoráveis à restrições legais visando prevenir os possíveis impactos da exploração.

A EXPLORAÇÃO DO CAMARÃO ESCAVADOR CALLICHIRUS MAJOR SAY 1818 COMO ISCA EM UMA PRAIA URBANA (PERNAMBUCO, BRASIL)